Cidades do futuro é o tema abordados em um dos capítulos do livro que será lançado em Brasília, no dia 31 de maio de 2023, no auditório do térreo do Ministério do planejamento, a partir das 14:30.
A formulação de uma boa estratégia para desenvolvimento demanda a produção de informações sobre o futuro. Neste capítulo, são abordados os temas urbanismo e ocupação do espaço urbano em contexto global seguido do entendimento de como o uso dos conceitos de cidades inteligentes podem contribuir para a solução dos problemas atuais. Apresenta os resultados preliminares do tema Urbanismo e Cidades Inteligentes, aponta as sementes associadas ao futuro desta dimensão e de seus subtemas. Identifica que são necessárias transformações profundas. Chama atenção para criação de ambientes propícios à inovação com formação de líderes de transformação e mudança. Torna-se premente refletir sobre a cidade que existem hoje e a que se deseja para o futuro! As ações devem ser tomadas analisando hipóteses futuras, sem esquecer o passado multicultural e gerar consciência da responsabilidade pelo legado que ficará para as futuras gerações. Na análise, foram identificadas 9(nove) tendências, 6(seis) surpresas inevitáveis e 8(oito) incertezas em nível global.
A SocialPort realizou uma série de perguntas aos autores do capítulo Cidades do Futuro: Clarice Kobayashi, Marcelo Schneck e Rita de Cássia Giraldi.
Segundo os autores, os pontos observados podem ajudar as organizações públicas e privadas a refletirem sobre influência, semelhança e implicações. No estudo realizado em 2015, destacam-se 2(duas) variáveis que haviam sido identificadas como “incertezas”. Neste estudo à nível global, estas foram identificadas como “tendência”:
(1) “Crescimento urbano desordenado mantendo as cidades insustentáveis e vulneráveis“. No Brasil, esta variável também é uma tendência, olhando as migrações internas e externas;
(2) “Crescimento dos investimentos em cidade inteligente”. O uso do termo “cidades inteligentes (smart city)” ganha força a partir do crescimento exponencial das disponibilidades tecnológicas. No Brasil, pelas várias ações em pró das “cidades resilientes e sustentáveis” como os Objetivos do Desenvolvimento Sustentáveis ODS da Agenda 2030, a “Carta Brasileira de Cidades Inteligentes” e as normas ABNT 37120, 37122, 37123, entre outras iniciativas, há um grande movimento de investimentos em cidades inteligentes (smart city).
Com relação aos impactos, os autores destacam:
- Alterações demográficas no Brasil: as previsões de alterações demográficas mundial apontam um crescimento na África tendo a sua população triplicada; na Ásia, um crescimento de 40% enquanto nas Américas, uma redução de 13% a 18% e na Europa, uma redução de 75% (ano base 2015). Este quadro deverá provocar muitas alterações demográficas. Isto exigirá do Brasil a definição de políticas públicas para evitar degradação ambiental, social e econômica com as possíveis migrações, com ambos os movimentos: vinda de pessoas para o Brasil como ida de brasileiros para outros países. Em saídas de brasileiros, percebem-se perdas dos melhores talentos.
- Tecnologias no Brasil: com esperadas migrações massivas para as cidades, estas serão os novos motores de crescimento da economia, pois representarão 80% do PIB global. A competição se dará entre as cidades e não entre os países. Portanto, as que oferecerem vantagens competitivas com oportunidades econômicas, sociais e culturais deverão subsistir e aquelas que proverem soluções inovadoras e éticas emergirão como líderes. Neste contexto, se faz necessário a conscientização da sociedade, em especial as que vivem em cidades, para com os desafios e estas devem estar preparadas evitando assim a exclusão digital ou tecnológica para prover novos serviços abarcando tanto a população rural quanto urbana. Esta ação pode gerar um melhor equilíbrio entre rural e urbano reduzindo também as possíveis migrações internas ao prover os recursos disponíveis pela tecnologia.
Para os autores, a relevância da realização de estudos como esses repousam no fato de ser uma excelente oportunidade para que as partes interessadas sobre o tema possam refletir, se conscientizar e atuar influindo na definição de políticas públicas de longo prazo visando melhorar o panorama para eventos futuros. Além disso, a prática de pensar em cenários futuros para atuar a partir do momento presente permite a manutenção de um direcionamento consistente e duradouro e não ao sabor de desejos ou forças individuais ou de grupos específicos.
Conheça os autores entrevistados
Clarice Kobayashi, engenheira elétrica, mestranda em Governança, Tecnologia e Inovação e pós-graduada em Gestão de Conhecimento. Atua em planejamento de longo prazo, processo prospectivo e cenários futuros em transformações territoriais em Arranjos Produtivos Locais APL e urbanas em cidades sustentáveis e inteligentes. Coordena o subgrupo Planejamento de Longo Prazo em Cidades Inteligentes no CONECTICIDADE.
Marcelo Schneck de Paula Pessôa é professor do Departamento de Engenharia de Produção da Escola Politécnica da USP. Mestre e doutor na área de eletrônica e livre docência e Gestão da Tecnologia da Informação. Coordena o grupo de pesquisa CONECTICIDADE cujo objetivo é o de estudar cidades e regiões habitadas, com visão sistêmica, realizando análises, planejamento, aplicações de tecnologias e processos para a configuração de cidades inteligentes e sustentáveis.
Rita de Cássia Giraldi, Arquiteta e Urbanista, mestrado e doutorado em Ciências da Comunicação e Livre Docência na EACH-USP e professora de Pós-Graduação em Estética e História das Artes (MAC-USP). Especialista em estudos sobre Cidades Inteligentes e Qualidade de Vida.
Tive a oportunidade de trabalhar com Clarice Kobayashi e o pouco que pude absorver foi transformador para a minha vida profissional. Ela é uma pessoa estudiosa por natureza, tem uma visão de longo prazo e pensamento estruturado. Sua ampla soma de conhecimentos faz dela a pessoa perfeita para abordar assuntos relacionados a tendências.
Essa breve demonstração já despertou minha curiosidade para ler todo o conteúdo!