Automação 4.0 é o tema abordados em um dos capítulos do livro que será lançado em Brasília, no dia 31 de maio de 2023, no auditório do térreo do Ministério do planejamento, a partir das 14:30.
Associada à perspectiva de uma quarta revolução tecnológica, a automação 4.0 envolve um nível sem precedentes de automação, integração e conectividade de máquinas e equipamentos, processos de produção, sistemas e pessoas em toda a cadeia de valor. A difusão das tecnologias da Indústria 4.0 tem permitido às empresas, principalmente industriais, intensificar o uso de tecnologias de automação e digitalização mais complexas em todas as fases dos fluxos produtivos. No Brasil, pode-se dizer que as iniciativas ainda possuem caráter embrionário, sobretudo em empresas domésticas, concentrando-se principalmente em movimentos de sensibilização de atores econômicos sobre a importância da adoção de tecnologias inteligentes e missões organizadas por entidades de classe, mobilizando empresários. O capítulo traça um panorama da Automação 4.0, destacando as oportunidades e desafios enfrentados pelas empresas brasileiras, em termos de planejamento e estratégias requeridas para implementação, dificuldades atuais, áreas com carência de capacitações, tendências, incertezas e potenciais fatores de ruptura tecnológica e institucional.
Apresenta-se, a seguir, perguntas realizadas aos autores do capítulo Marcello José Pio e Alessandro Maia Pinheiro.
SocialPort – Em relação ao tema automação 4.0, objeto do seu estudo e segundo a sua opinião, quais os principais eventos que poderão causar os maiores impactos para o desenvolvimento do Brasil?
Para os autores, os eventos tendenciais que poderão impactar fortemente a produtividade e competitividade das empresas nacionais, bem como o mercado de trabalho brasileiro, são:
- A difusão massiva e o uso integrado de tecnologias como Inteligência Artificial, Internet das Coisas, robótica, big data e manufatura aditiva, acarretando uma redução do emprego de ocupações menos especializadas, o que poderá afetar fortemente o mercado de trabalho, principalmente aquelas ocupações de baixo grau de qualificação.
- Aumento intensivo do uso de tecnologias IoT e IIoT, robôs industriais e sistemas inteligentes de automação nos diversos segmentos econômicos.
SocialPort – Em relação a esses eventos, quais seriam esses impactos?
Segundo os autores, de forma geral, a difusão dessas tecnologias, na medida em que possam se integrar para habilitar manufaturas inteligentes, representam uma ameaça a uma série de empregos por conta da elevada automação. Para países em desenvolvimento, os desafios são ainda maiores, uma vez que a mão de obra relativamente mais barata nessas nações pode vir a se constituir num fator cada vez menos relevante para atratividade de investimentos diretos externos. As chamadas smart factories podem vir a representar um redirecionamento de determinadas atividades manufatureiras para países mais desenvolvidos, na extensão em que seus processos necessitam de pouca mão de obra.
Além dos mais, destaca-se a necessidade de requalificação e recolocação de uma grande quantidade de trabalhadores, com o risco de que a mão de obra venha a ser um obstáculo ao processo de difusão das tecnologias associadas à automação 4.0. Vale ressaltar que a plena difusão das tecnologias da automação 4.0, levará a um aumento considerável da produtividade das empresas brasileiras e qualidade dos produtos nacionais. Contudo há grandes desafios pela frente, como os processos de retrofit tecnológico, capacitação da mão de obra e processos que facilitem o processo de aquisição e uso das novas tecnologias.
SocialPort – Para você, qual a relevância da participação em projetos desta natureza?
Para Marcello Pio e Alessandro Pinheiro, a antecipação de tendências globais é instrumental para dotar o País de capacitação em termos de planejamento e implementação de estratégias eficazes. No caso da automação 4.0, podemos mostrar que países como Alemanha, Estados Unidos e China estão liderando os esforços nessa nova revolução tecnológica, enquanto no Brasil as iniciativas ainda estão em estágio embrionário, com ênfase em sensibilização, missões organizadas e estudos para avaliar a adoção de tecnologias inteligentes. Precisamos reforçar a necessidade de acelerar nossa resposta aos desafios e oportunidades que já estão se apresentando nesse contexto.
Conheça os autores
Marcello Pio é Doutor em Gestão e Inovação Tecnológica pela UFRJ. Responsável pela área de prospectiva do Observatório Nacional da Indústria. Atua na aplicação de metodologias e ferramentas de prospectiva tecnológica, organizacional e ocupacionais da educação básica e profissional, tecnologia e inovação, segurança e saúde, e mercado de trabalho, bem como na construção de cenários. Pesquisador do Núcleo de Estudos Prospectivos – Universidade Católica de Brasília (UCB), e pesquisador associado do Centro Internacional para el Desarrollo Sostenible do Panamá (CIDES). Atua na área de prospectiva há 21 anos.
Alessandro Maia Pinheiro é Doutor em Economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Mestre em Economia pela Universidade da Amazônia; Especialista em Economia do Trabalho e Bacharel em Economia pela Universidade Federal do Pará. Foi Pesquisador Visitante no Manchester Institute of Innovation Research_University of Manchester/UK. No IBGE, coordenou a Pesquisa sobre o Uso de TIC nas Empresas (TIC-Empresa) e a Pesquisa de Inovação (PINTEC). Atualmente é o Coordenador no IBGE das Pesquisas Econômicas Estruturais/Anuais e Temáticas. É Professor Colaborador do Instituto de Economia da UFRJ e Professor Colaborador da Escola Nacional de Ciências Estatísticas (ENCE/IBGE). É membro do Comitê de Estatísticas Econômicas da ONU. Foi membro da Comissão de Indicadores sobre Economia da Informação da eLAC/CEPAL/ONU e membro da Comissão Permanente de Indicadores do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Tese de doutorado premiada (Prêmio CAPES de Tese – Economia). Coordenador do Livro Inovação em Serviços na Economia do Compartilhamento, ed. Saraiva, 2019.