Fala dos autores: Novos Materiais Estratégicos com Marcello Pio

Novos Materiais Estratégicos é o tema abordados em um dos capítulos do livro que será lançado em Brasília, no dia 31 de maio de 2023, no auditório do térreo do Ministério do planejamento, a partir das 14:30.

A indústria de materiais tem se apresentado como um setor estratégico para outras indústrias de ponta no que tange ao desenvolvimento e oferta de novos produtos e processos. Esta posição chave foi intensificada pela globalização econômica, que tem promovido de forma contínua a competitividade entre países e regiões. O desenvolvimento tecnológico experimentado pelos setores de energia, automotiva, logística, manufatura, construção e outras, em combinação com as inovações da indústria 4.0 em evolução, impulsionam a demanda por novos materiais. Até 2040 espera-se, cada vez mais, o desenvolvimento de materiais estruturais, necessários para o desenvolvimento de equipamentos de transporte das próximas gerações, que sejam mais leves, mais fortes, mais resistentes e duráveis e consumindo menos energia. Além do mais, estima-se uma intensificação do aprimoramento e aplicação de materiais que podem ser considerados estratégicos, tais como: Grafeno, nanotubos de carbono, ligas amorfas, espuma de metais, e líquidos iônicos.

Apresenta-se, a seguir, perguntas realizadas ao autor do capítulo, Marcello José Pio.

SocialPort – Em relação ao tema Novos Materiais Estratégicos, objeto do seu estudo e segundo a sua opinião, quais os principais eventos que poderão causar os maiores impactos para o desenvolvimento do Brasil?

Segundo o autor, a difusão de todas as tendências apresentadas neste estudo impactará os principais setores econômicos brasileiros. No setor do agronegócio, destaca-se o crescimento da biotecnologia com o surgimento de novos produtos biológicos voltados para o aumento da produtividade agrícola, maior sustentabilidade e controle de patógenos. No setor industrial, pode-se destacar o desenvolvimento de ligas metálicas de alto desempenho, o de materiais avançados para sistemas complexos de automação, e o de materiais poliméricos mais leves e sustentáveis. No campo da saúde deve-se fazer referência à difusão de materiais baseados em nanotecnologia para aplicação na área médica e de uma forma mais transversal o desenvolvimento de materiais para energias renováveis e sistemas de armazenamento de energia.

SocialPort – Em relação a esses eventos, quais seriam esses impactos?

Para o autor, o impacto positivo da difusão de tais avanços tecnológicos é o aumento do valor agregado que os setores econômicos poderão incorporar em seus produtos e processos. Com isso, é possível aumentar a competitividade dos setores econômicos usuários de tais tecnologias no mercado mundial, com abertura de novos mercados e nichos de consumidores. Por outro lado, não os incorporar aos seus processos e produtos significa perda de competitividade frente à concorrência internacional, ficando à margem do mercado mundial.

Obviamente o melhor caminho é o desenvolvimento interno desses novos materiais, que permitiria um maior protagonismo do Sistema Nacional de Inovação do País. Em paralelo à necessidade de se incentivar e orientar novas linhas de pesquisa e desenvolvimento, as instituições setoriais e governamentais deverão desenvolver programas e ações de orientação e apoio ao processo de aquisição e utilização dos novos materiais estratégicos pelas empresas brasileiras, principalmente para as médias e pequenas empresas, que necessitam de apoio e orientação institucional para a aquisição de tais novas tecnologias. Soma-se a isso, a adequação da oferta de mão de obra qualificada e especializada para melhor utilização dos novos materiais no mercado brasileiro.

SocialPort – Para você, qual a relevância da participação em projetos desta natureza?

Segundo a opinião de Marcello Pio, estudar os possíveis futuros e tendências sobre temas estratégicos para o mundo e para o País contribui de forma expressiva para o desenvolvimento de políticas e programas de longo prazo, permite que de forma proativa o País possa se preparar para enfrentar os impactos e consequências da ocorrência de eventos incertos e disruptivos. De forma geral, significa desenvolvermos mais políticas de estado e menos políticas de governo.

Conheça o autor

Marcello Pio é Doutor em Gestão e Inovação Tecnológica pela UFRJ. Responsável pela área de prospectiva do Observatório Nacional da Indústria. Atua na aplicação de metodologias e ferramentas de prospectiva tecnológica, organizacional e ocupacionais da educação básica e profissional, tecnologia e inovação, segurança e saúde, e mercado de trabalho, bem como na construção de cenários. Pesquisador do Núcleo de Estudos Prospectivos – Universidade Católica de Brasília (UCB), e pesquisador associado do Centro Internacional para el Desarrollo Sostenible do Panamá (CIDES). Atua na área de prospectiva há 21 anos.

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